segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Indignados Vamos à Luta! Balanço Público 52º CONUNE


52º Congresso da UNE

Coletivo Estudantil Vamos à Luta – Construindo a manhã desejada

Juventude Indignada – PRESENTE!
“Não nos representa!”. Esse foi o grito que marcou o clima do 52º Congresso da UNE. O sentimento de indignação que tem enfrentado os governos e as burocracias na Europa começa a soprar seus ventos no Brasil.
O CONUNE com uma forte rejeição à direção majoritária da UNE é parte dos processos que estão em curso. E Assim foi no forte enfrentamento que a vanguarda fez contra a máfia do DCE da PUC-RS, utilizando inicialmente, como método de luta, um acampamento, assim como se faz na Porta do Sol na Espanha. Também foi o clima dos indignados que fez surgir marchas contra o aumento da tarifa de ônibus em importantes capitais como São Paulo e Belém e teve o ponto alto no Espírito Santo onde se derrubou a tentativa de reajuste, além da expressiva marcha da liberdade com muita força em São Paulo e em mais 20 cidades do país.
Da mesma forma a poderosa luta dos operários das obras do PAC, que protagonizaram uma greve de mais de 170 mil trabalhadores pelo país e a gigantesca onda vermelha que marcou o "S.O.S bombeiros" que sacudiram as ruas do Rio de Janeiro. Na FASUBRA, foi a rebelião dos jovens servidores indignados, ainda em estágio probatório, contra a burocracia encastelada na Federação que garantiu a continuidade da greve das universidades.
Todos são exemplos do espaço de indignação e luta que vai se abrindo e por isso é necessário fortalecer uma oposição de esquerda que combata o governo Dilma/Temer e as burocracias com um programa para a ação. A perspectiva é que a gigantesca luta dos estudantes chilenos, a terceira rebelião dos pinguins, influencie favoravelmente na construção de novas lutas no Brasil. Nossa tarefa é impulsionar os embriões existentes de novas ocupações da USP, UnB, ocupações contra o REUNI, novos "fora Arruda´s", "agostos do Buzú", revoltas da catraca ou até mesmo greves estudantis que começam a aparecer nas salas de aula e espaços de lazer e trabalho dos jovens. O sentimento de indignação deve ser estravazado ao estilo espanhol, sob o chamado de tomar as ruas, de ocupar as praças, de questionar os governantes, o sistema capitalista, seus agentes no movimento, porque os árabes já demonstraram que revoluções são possíveis.

USP, UFRJ, UFMG, Unama... o governo perdeu nas maiores
O CONUNE não começou em Goiânia. Antes disso, durante as eleições que elegeram os delegados foi onde a esquerda disputou diretamente contra o governo. Havia uma disputa real que seria um crime se abster.
Nesse terreno, a majoritária da UNE perdeu nas maiores universidades. Na UNB, onde o DCE é dirigido por um setor do PT, a esquerda teve uma votação muita expressiva tendo o mesmo número de delegados do campo governista.
Numa das maiores universidade privadas que a oposição de esquerda influencia, a Universidade da Amazônia, no Pará, ganhamos com mais de 80% dos votos. Além disso, na PUC/RS foi a polarização criada em meio ao CONUNE que deu origem ao movimento "89 de Junho" que está derrubando a máfia que controla o DCE há duas décadas.
As eleições para tiragem de delegados do CONUNE envolveu a imensa maioria da esquerda brasileira e foi fundamental disputar, porque aí se comprovou o nosso espaço. As vitórias são resultado de que há um governo, que mesmo com apoio da maioria das bancadas no parlamento é mais fraco.
É muito difícil para um governista explicar à sua base que é correto defender, apoiar e blindar um governo que corta verbas da educação e da saúde. É muito difícil defender que é correto o novo Código Florestal que Aldo Rebelo e Kátia Abreu defendem. É difícil explicar para um jovem militante que ele é base de apoio de um governo junto com Eike Batista, Sarney, Calheiros e os Palocci´s da vida.
Exatamente por isso a situação da direção majoritária da UNE neste congresso era defensiva. A bancada animada e muito grande de outros congressos não existiu. Havia um constrangimento muito maior do que o normal.
A própria ida de Lula ao CONUNE é uma demonstração de debilidade e não de fortaleza. Se fosse fácil para os governistas passarem a política do governo federal teriam levado Dilma. A ida do ex-presidente Lula era uma tentativa de fechar as crises internas na figura do ex-operário e na falsa polarização com o tucanato. Sem falar que o PC do B fez questão de esconder o Aldo Rebelo do CONUNE e implodir o painel sobre o Código Florestal, para evitar mais crises em sua base.
  
“ô Ô Ô Ô ô, cadê o dinheiro? A Dilma comanda o bonde dos empreiteiros!”
Estava tudo preparado para mais um "show" de Lula e do Ministro Hadad. A UJS, o PT e o PMDB, só se esqueceram de combinar com a oposição. Aliás, até queriam calar a oposição, mas não conseguiram. Nós do Vamos à Luta e o coletivo "Viramundo" fomos ao centro de convenções estragar a festa governista e disputar na base a alternativa de um movimento estudantil combativo e independente neste país. Nas palavras de ordem que conseguiam calar os cerca de 2000 participantes que paravam para nos escutar colocávamos a contradição da majoritária da UNE ao defender 10% do PIB para educação e levar ao congresso e bater palma pro presidente que manteve o veto dos 7% do PIB e que durante anos seguidos cortou verbas da Educação, como faz agora também Dilma.
Ao final da atividade estava claro para toda imprensa e para os estudantes que estavam ali, que há um setor radicalmente de oposição ao governo, por isso fomos muito bem recebidos por diversos ativistas que vinham nos parabenizar pela intervenção.

“Apoio a greve/Tem erro não/ É por mais verbas para a educação!”
Todos à Caravana da Greve em Brasília dia 09/08!

A oposição levou o Comando Nacional de Greve dos servidores das Universidades no Congresso para expor os motivos da greve. De grupo em grupo, painel em painel, o comando fez saudações pedindo o apoio dos estudantes para a greve. Essa greve é em defesa da universidade pública e enfrenta, concretamente, os planos de ajuste do governo e a privatização dos HU’s. Quando anunciado o corte de 3,1 Bilhões da educação, infelizmente, não explodiu nenhuma grande luta, no entanto, há no momento uma greve nacional que nos permite impulsionar mobilização por mais verbas, para tratar de resolver desde os problemas mais imediatos dos estudantes como bebedouros, R.U´s, livros, bolsas de pesquisa. Por isso devemos cercar essa greve de solidariedade e apoiar concretamente suas lutas. Na plenária final, aprovamos por consenso o total apoio à greve, mas sabemos que a majoritária da UNE estará do lado dos que querem desmontar a greve (Tribo/CSD-CUT e CTB).
Construir calouradas de apoio à greve será muito importante no momento em que o governo tenta judicializar a luta argumentando que a greve é abusiva, exigindo o retorno de 70% dos grevistas sob a pena de multas de 100 mil reais diários à FASUBRA e aos sindicatos de base. Nem FHC teve ações tão contundentes contra as greves como esta do governo do PT.
Dia 09 de agosto haverá uma caravana dos servidores à Brasília seguida de acampamento nos dias 10 e 11. É fundamental que a oposição construa essa caravana convocando todos os DA´s, CA´s, DCE´s e Executivas e Federações de curso para que participem. Esta deve ser a tarefa número um do movimento neste início de semestre.

 Os êxitos da oposição de esquerda
A oposição cresceu muito neste congresso. Os números próximos aos 20%, apesar de serem muito importantes, não conseguem refletir o tamanho do crescimento político que a oposição teve. 
A dificuldade maior que o "novo" governo passa, onde em 7 meses dois ministros já caíram, sendo um deles Palocci, que nas palavras de Lula era o "Pelé do governo", fez com que a oposição crescesse e se consolida como o seguimento que dirige a maioria do movimento estudantil real no Brasil. Cresceu também a nossa entrada em universidades pagas, o que é uma necessidade cada vez maior. 
A oposição se unificou em uma chapa através do seguinte programa: 1 - Oposição de esquerda ao governo Dilma/Temer; 2 - Oposição à direção majoritária da UNE; 3 - Apoio à greve dos servidores; 4 - Realização de um dia nacional de lutas, impulsionado por um "Fórum de DCE´s" e; 5 - Democracia na gestão da oposição.
Consolidar este programa e utilizar o capital político que a oposição adquiriu são os desafios colocados na construção de uma nova direção para o movimento estudantil brasileiro.
Oposição de esquerda: superar as debilidades para avançarmos mais

No marco desse êxito, o Vamos à Luta! também deseja debater sobre as debilidades da oposição para que possamos avançar. As diferenças políticas e metodológicas existentes entre os vários campos da oposição, não ajudaram numa ação mais contundente e unificada durante o congresso e antes dele. De fato se tivéssemos uma articulação nacional permanente, unificada e mais orgânica, com reuniões periódicas antes da diretoria da UNE, nos espaços do movimento, como o encontro de Uberlândia, e nos estados, estaríamos muito melhores no CONUNE. De fato, não se conseguiu realizar nem mesmo uma plenária de toda a oposição, o que foi lamentável. O que reforça nossa visão é o caráter positivo da plenária que conseguiu ser realizada com a participação da maioria dos coletivos da Oposição.
Em segundo lugar, se a oposição tivesse incorporado o espírito da juventude indignada desde o início estaríamos muito melhores para as disputas nos painéis. Não aceitamos a lógica de alguns grupos que desejam ser meros expectadores dos espaços sem polarizar radicalmente contra os burocratas juvenis da majoritária, seja quando estão nas mesas ou com seu silêncio no plenário.
Em terceiro lugar, muitos delegados só chegaram para a plenária final o que tonificou a oposição, uma força que poderia ter existido desde o início do congresso.
Por último, ocorreu uma forte divergência sobre o caráter da oposição e uma forte polêmica sobre a necessidade de enfrentar o governo Dilma, o que deu origem a resoluções de Conjuntura, M.E. e Educação que em várias passagens são abstratas e genéricas, conteúdo bastante distinto da resolução programática de nossa chapa e do chamado à jornada de lutas unitária convocada pelos DCE’s.
Esses debates políticos e metodológicos são importantes para a reconstrução nacional da oposição de esquerda da UNE, cujo marco deve ser ao redor das lutas que deliberamos em nossa chapa na plenária final, atuando nas bases em unidade com todos os lutadores, independente de onde estejam organizados seja na UNE, ANEL, coletivos das Executivas, etc. Isso é importante porque hoje a responsabilidade de reorganizar o M.E. combativo é maior da esquerda da UNE por dirigir os DCE’s mais importantes do Brasil.

“E quem são eles que não cansam de lutar?/ Indignados, Vamos à Luta já!”
Ante o momento de debilidade do governo Dilma/Temeestá aberto um espaço a ser ocupado pela esquerda. No entanto, só aproveitaremos o espaço se tomarmos o exemplo da juventude indignada no mundo. Em nossa opinião é possível materializar o programa que aprovamos na oposição de esquerda durante o CONUNE e construirmos um calendário unificado dos DCE’s que já em agosto convoque um dia nacional de mobilização, ao lado dos servidores em greve e contra os cortes de verbas do governo.
Há mais de 30 DCE`s nas mãos do esquerda. Os companheiros da ANEL que não conseguiram aproveitar o crescimento que tiveram todos os coletivos da Oposição de Esquerda da UNE e fizeram um congresso cuja principal polêmica, passou longe das necessidades dos trabalhadores e da juventude, precisam rever sua política e impulsionar esse fórum com os DCE´s da Oposição da UNE.
 Ao lado do plebiscito que o ANDES está convocando por 10% do PIB para a educação devemos fazer do dia 31 de agosto, um dia nacional de ocupações de reitorias. Nesta data se votará o orçamento do próximo ano. Não adianta lutar por 10% do PIB se o governo aprovar um orçamento de ajuste fiscal promovendo um novo corte de verbas das áreas sociais em 2012. Para que essa luta não seja abstrata os comitês do plebiscito devem começar agora, em cada universidade, apoiando a greve dos servidores e protestando no dia da votação do orçamento.
Os DCE´s que articularem o dia nacional de lutas devem construir um calendário para o semestre inteiro, antenados com os calendários internacionais dos indignados espanhóis e dos pingüins chilenos, como o dia 15 de outubro, que poderá ser um marco de ocupações de praças no mundo inteiro. Assim estaremos em melhores condições de enfrentar o governo e propor uma saída com mobilização para os problemas sentidos no dia-a-dia pelos estudantes.
A militância indignada do Vamos à Luta está à serviço dessa política e dessa construção. 

Priscila Guedes - Dir de Públicas da UNE
Oposição de Esquerda - Vamos à Luta

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